Racismo entre nós.

O Racismo é a crença em que uma raça, etnia ou certas características físicas sejam superiores a outras.

Olá rainhas

A linda diversidade dos tons da pele negra

Há vários tipos de racismo. Racismo individual, institucional, estrutural, cultural e entre outros.

Contudo o racismo que poucos se atrevem a falar e de admitir que existe é o racismo entre nós os negros.

Em Inglaterra à muitos anos atrás onde eu vivi grande parte da minha vida, fui várias vezes questionada sobre o porquê de ser “clara” como se fosse um defeito da fábrica África. Porque tinha as feições finas? Porque é que tinha o cabelo encaracolado – a tua mãe, o teu pai ou os teus avós eram brancos”? A sério!!!?? Isto vindo de outra negra. Eu ficava furiosa com esse tipo de comentário porque questionavam a minha autenticidade e a minha negritude.

Lembro-me de um momento em particular na minha adolescência, ouvir colegas da escola a comparem a tonalidade da cor de pele e a categorizarem-se na variada palete de cores da pele negra. Lembro-me perfeitamente que fiquei triste, chocada e foi um momento que marcou a minha adolescência, porque para mim independentemente da minha tonalidade eu era negra e africana.

Imagina o que é na tua adolescência ouvir comentários racistas de brancos e viver o mesmo no meio da tua gente.

Já em adulta, presenciei inúmeras vezes mulheres negras a serem categorizadas e a categorizarem-se a elas próprias pela tonalidade da sua pele. Muitas durante anos alimentaram-se dessa falsa ilusão de distinção e superioridade para própria vantagem. Nem que isso implica-se pisar noutra “irmã” africana.

A beleza e a riqueza da nossa cor é o que nos difere do resto do mundo. Para quê categorizar?

Independentemente da nossa tonalidade é a cor negra que nos une, que nos identifica e que nos define aos olhos do mundo.

Não consigo compreender como os negros são tão rápidos a reconhecer o racismo como o que lhes é dirigido pelos brancos, latinos, asiáticos, etc mas falham em ver o racismo muito real que existe dentro da nossa comunidade uns com os outros.

Há quem diga que não é real mas se os brancos desaparecessem amanhã do planeta, o colorismo ainda existiria nas nossas comunidades e essa é a parte mais triste.

Aos olhos do mundo, negro é negro seja ele escuro ou claro. Isso nunca vai mudar.

Já algumas de vocês experienciou este comportamento?

Beijinhos rainhas!

A Refrmd cria óculos de sol adaptados aos narizes africanos

https://www.bantumen.com/2021/06/16/refrmd-oculos-adaptados-narizes-africanos/

Óculos para narizes africanos.

Olá rainhas.

Se ainda não tinham ouvido falar sobres esta marca de óculos, então vale a pena ler o texto na link em cima.

Eu tive sempre alguma dificuldade em encontrar aqueles óculos de sol corretos para a forma do meu nariz. Tenho inclusive um par de óculos de sol que nas fotografias nota-se essa falha perfeitamente.

Eu soube desta marca até á uns dias e por acaso enquanto lia outros blogs.

“É uma marca que reflete a rica diversidade da sociedade.
Que acredita que os seus produtos de design devem abranger todos os membros da sociedade e especialmente aqueles que são negligenciados.”

A coroa não é suposta mexer na cabeça das rainhas.

Despir a minha cabeça do seu natural marcador de género e gerador de inseguranças, foi a minha forma de expressão mais sincera que dei a mim própria e ao mundo.

Olá minhas rainhas

Quando era pequena achava engraçado que não precisava de preocupar-me com cabelo fora do sítio. Adorava que ele conseguia desafiar a própria gravidade. A minha querida mãe dizia, que as coroas não eram supostas mexer nas cabeças de rainhas. A minha “juba” era a minha coroa.

Com criatividade e imaginação fértil que dava para dar e vender, via apenas possibilidades “infinitas” de criar penteados maravilhosos que eram verdadeiras obras de arte. Infelizmente comentários desnecessários sobre a minha “juba” marcaram ocasionalmente presença indesejada. Comentários carregados com falsas ideologias de fazer detestar o próprio cabelo.

“Coitado” do meu cabelo que o seu único “crime” era ser diferente. Assim com o passar do tempo, apercebi-me que se dá demasiada atenção ao cabelo em geral. Não estou a dizer que devemos desleixar com o cabelo, apenas que devíamos stressar menos com o que o mundo pensa do nosso cabelo e sim com o que nos faz feliz. Sem pressões alheias.

Sim o meu “cotão” era rebelde, tocava na cara das pessoas sempre que as cumprimentava, tinha caracóis de tamanhos, cores e espessuras diferentes, era “desarrumado” com bons e muitos maus dias. O tema de conversa era quase sempre sobre o cabelo ou começava com alguma coisa sobre o dito cabelo. Não gostava quando o tocavam por receio de algum fio pudesse sair do lugar. Era cansativo todo o trabalho e enervante toda a preocupação que dava.  Das cinco razões que me levaram à grande decisão de o cortar, a praticabilidade foi uma delas.

A nossa relação com o cabelo tem um papel activo na nossa relação com o amor próprio. É verdade que o cabelo da mulher africana é mais desafiante de se manter tratado mas é possível.

É importante deixar de parte a relação tóxica que todas temos em algum momento das nossas vidas, com o cabelo e começarmos sim a termos um relacionamento mais saudável com a herança dos nossos antepassados. Alegra-me ver africanas com cabeleira natural, curta ou complemente rapada, como em muitas tribos africanas. Uma bonita e clara mensagem.

Ter cabelo rapado não me define como mulher nem me torna menos feminina. Cortá-lo e por vezes rapá-lo foi uma decisão de coragem, estética e política.

Cortar o meu cabelo foi uma forma de mostrar a minha liberdade de expressão, fez parte do meu auto-conhecimento e foi assim com tranquilidade e a aceitação do diferente que encontrei parte do meu estilo pessoal.

Despir a minha cabeça do seu natural marcador de género e gerador de inseguranças, foi a minha forma de expressão mais sincera que dei a mim própria e ao mundo.

Sei que não preciso de fios de lã lisos e esvoaçantes para mostrar a minha feminilidade, para ser sexy, bonita ou ter estilo. Eu me sinto sexy sem os meus outra ora, lindos cabelos encaracolados ou qualquer tipo de cabelo sintético na minha cabeça.

O meu cabelo (neste caso a falta dele) não me define como mulher. Eu decidi na minha própria imagem e não homens, outras opiniões, a sociedade, o aceitável ou o politicamente correto. Decidi que não queria cabelos a atrapalharem o meu rosto.

A verdade é que nunca fui muito apegada ao cabelo.

Com ou sem coroa, continuo a ser uma rainha africana.

Beijinhos Rainhas

%d bloggers gostam disto: