A coroa não é suposta mexer na cabeça das rainhas.

Despir a minha cabeça do seu natural marcador de género e gerador de inseguranças, foi a minha forma de expressão mais sincera que dei a mim própria e ao mundo.

Olá minhas rainhas

Quando era pequena achava engraçado que não precisava de preocupar-me com cabelo fora do sítio. Adorava que ele conseguia desafiar a própria gravidade. A minha querida mãe dizia, que as coroas não eram supostas mexer nas cabeças de rainhas. A minha “juba” era a minha coroa.

Com criatividade e imaginação fértil que dava para dar e vender, via apenas possibilidades “infinitas” de criar penteados maravilhosos que eram verdadeiras obras de arte. Infelizmente comentários desnecessários sobre a minha “juba” marcaram ocasionalmente presença indesejada. Comentários carregados com falsas ideologias de fazer detestar o próprio cabelo.

“Coitado” do meu cabelo que o seu único “crime” era ser diferente. Assim com o passar do tempo, apercebi-me que se dá demasiada atenção ao cabelo em geral. Não estou a dizer que devemos desleixar com o cabelo, apenas que devíamos stressar menos com o que o mundo pensa do nosso cabelo e sim com o que nos faz feliz. Sem pressões alheias.

Sim o meu “cotão” era rebelde, tocava na cara das pessoas sempre que as cumprimentava, tinha caracóis de tamanhos, cores e espessuras diferentes, era “desarrumado” com bons e muitos maus dias. O tema de conversa era quase sempre sobre o cabelo ou começava com alguma coisa sobre o dito cabelo. Não gostava quando o tocavam por receio de algum fio pudesse sair do lugar. Era cansativo todo o trabalho e enervante toda a preocupação que dava.  Das cinco razões que me levaram à grande decisão de o cortar, a praticabilidade foi uma delas.

A nossa relação com o cabelo tem um papel activo na nossa relação com o amor próprio. É verdade que o cabelo da mulher africana é mais desafiante de se manter tratado mas é possível.

É importante deixar de parte a relação tóxica que todas temos em algum momento das nossas vidas, com o cabelo e começarmos sim a termos um relacionamento mais saudável com a herança dos nossos antepassados. Alegra-me ver africanas com cabeleira natural, curta ou complemente rapada, como em muitas tribos africanas. Uma bonita e clara mensagem.

Ter cabelo rapado não me define como mulher nem me torna menos feminina. Cortá-lo e por vezes rapá-lo foi uma decisão de coragem, estética e política.

Cortar o meu cabelo foi uma forma de mostrar a minha liberdade de expressão, fez parte do meu auto-conhecimento e foi assim com tranquilidade e a aceitação do diferente que encontrei parte do meu estilo pessoal.

Despir a minha cabeça do seu natural marcador de género e gerador de inseguranças, foi a minha forma de expressão mais sincera que dei a mim própria e ao mundo.

Sei que não preciso de fios de lã lisos e esvoaçantes para mostrar a minha feminilidade, para ser sexy, bonita ou ter estilo. Eu me sinto sexy sem os meus outra ora, lindos cabelos encaracolados ou qualquer tipo de cabelo sintético na minha cabeça.

O meu cabelo (neste caso a falta dele) não me define como mulher. Eu decidi na minha própria imagem e não homens, outras opiniões, a sociedade, o aceitável ou o politicamente correto. Decidi que não queria cabelos a atrapalharem o meu rosto.

A verdade é que nunca fui muito apegada ao cabelo.

Com ou sem coroa, continuo a ser uma rainha africana.

Beijinhos Rainhas

Autor: África vaidosa

Abomino a indiferença e a falsa ideia de superioridade entre as pessoas. Defensora de um estilo de vida saudável e activo. Eu sou eu. Com algumas falhas mas com muitas coisas boas.

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